Em março deste ano, o mundo acompanhou os impactos causados pelo meganavio Ever Given, que encalhou e bloqueou por seis dias o Canal de Suez (Egito), rota que conecta a Europa e a Ásia e por onde são movimentados cerca de 12% do comércio global. Este episódio ilustra bem a importância do transporte marítimo para uma economia sem fronteiras. Nos bastidores dessa logística, uma peça-chave se destaca: o container.
O frete marítimo conquistou o seu espaço no comércio internacional ao reunir três importantes atributos que se tornaram importantes diferenciais competitivos. Além da segurança e da confiabilidade maiores, é o mais econômico na comparação com os demais.
No Brasil, a relevância deste modal não é diferente. Seja nas viagens de longo curso que têm como destino os portos internacionais, seja entre portos em território nacional (cabotagem), o transporte marítimo constitui o principal canal por onde os produtos made in Brazil alcançam a empresas e consumidores mundiais, e a grande maioria das importações chega ao país.
O uso cada vez mais otimizado do transporte marítimo está fundamentado, em grande parte, por padrões internacionais que estabelecem os tipos de containers recomendados para envio dos mais variados tipos de mercadorias em operações de exportação e importação.
Em linha com diretrizes técnicas internacionais, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece as normas técnicas aplicadas a containers de cargas, sendo as principais:
ABNT NBR ISO 6346: Proporciona um sistema para identificação e apresentação de informações sobre contêineres de carga.
ABNT NBR 5977: Fixa condições exigíveis para carregamento, movimentação e fixação de contêineres com segurança.
Como dispositivos padronizados de transporte de metal, os containers podem ter formato retangular, com laterais, teto e piso rígidos, equipados com portas em uma de suas extremidades – ou apresentarem alterações em seu desenho para atender a uma finalidade logística, de acordo com a especificidade da carga.
Seu design tem o propósito de conferir resistência para seu uso contínuo e em longo prazo, bem como facilitar o carregamento e descarregamento de produtos, seu manuseio de um modal para outro e sua fixação ou empilhamento.
Antes de conhecer os tipos de containers, vale destacar as dimensões-padrão de comprimento x largura x altura disponíveis para locação no mercado:
Como o nome em inglês já sugere, é o tipo de container recomendado para o transporte de cargas e produtos secos, acondicionados em pallets, engradados, caixas, sacos ou caixas. Os containers tipo Dry Box são encontrados para locação nos modelos de 40 pés e 20 pés.
2. High Cube (40 pés)
Assim é chamada a versão do container tipo Dry Box de 40 pés que possui pé direito maior, de até 2,9 metros de altura. Esse adicional visa otimizar sua área cúbica, sendo destinado ao transporte de cargas secas de alto volume e baixo peso.
3. Refeers ou Frigoríficos (20 e 40 pés)
São containers que possuem regulagem própria de temperatura interna, indicados para o transporte de produtos congelados, refrigerados ou que necessitam de controle térmico durante sua movimentação – tais como carnes, aves, peixes, frutas, legumes, laticínios, vegetais e produtos químicos. Os containers tipo refeer conseguem se manter climatizados entre -35oC e +30oC, o que assegura a qualidade dos produtos transportados em longos percursos.
4. Open Top (20 e 40 pés)
Esta unidade de armazenamento conta com abertura de topo, e seu teto que pode ser removido total ou parcialmente. Seu design visa facilitar o acondicionamento ou a retirada de cargas pesadas ou de difícil acomodação em seu interior.
5. Flat Rack (20 e 40 pés)
É um container com formato adaptável, o que torna este modelo ideal para transportar cargas de armazenamento simples, mas que apresentam comprimentos, larguras e pesos extras. O Flat Rack foi projetado sem teto e laterais e com suas extremidades dobráveis, que podem ser rebaixadas para formar uma superfície plana maior, facilitando assim o envio de produtos com dimensões diferenciadas, como grandes componentes e maquinários pesados.
6. Platform ou Flat Pack (20 e 40 pés)
Possui conceito similar ao do Flat Rack, porém não possui laterais nem teto. Consiste em uma grande base reforçada, utilizada para transportar cargas pesadas e com dimensões incompatíveis para serem carregadas em modelos convencionais de containers – tais como cargas extrapesadas de difícil movimentação, bem como grandes equipamentos e componentes de máquinas.
7. Tanque (20 pés)
Modelo de container bastante utilizado pelo setor industrial para transportar materiais líquidos ou gasoso, principalmente produtos químicos. Além do aço presente na sua composição reforçada, os modelos Tanque recebem um tratamento anticorrosivo em suas paredes internas, com revestimento em alumínio ou fibra de vidro, para assegurar a segurança no armazenamento e a integridade da carga. Por conta dessas características, é o indicado para transporte de produtos perigosos e não-perigosos.
Para quem pensa em iniciar sua jornada empreendedora pelo comércio internacional, conhecer a fundo as regras do transporte marítimo é tão importante quanto buscar a assessoria de um contador para se certificar de que o enquadramento do negócio e todos os trâmites do processo de abertura da empresa sejam conduzidos em total conformidade.
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